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Você conhece o conceito de cultura justa?

Nos últimos anos, a ideia da “cultura justa” tem se tornado um ideal no movimento de segurança do paciente, adotado por muitos hospitais e organizações profissionais. Com o conceito, o objetivo é dar resposta a incidentes que vão desde erros humanos até más condutas intencionais.

Segundo o professor James Reason, autor do livro Erro Humano, a cultura justa cria “uma atmosfera de confiança da qual as pessoas são acolhidas, e recompensadas, por prover informações essenciais sobre segurança, mas onde fica clara a linha que divide o comportamento aceito do não aceito”.

Errar é humano

É importante saber que, assim como em todas as áreas, os profissionais de saúde cometem erros. Independentemente da capacidade e da experiência, qualquer colaborador é passível de errar. Faz parte da natureza humana, como defende Reason.

Por essa razão, é necessário conscientizar os profissionais e prepará-los para reduzir esses erros e lidar com eles caso ocorram. Quando o erro é sempre sinônimo de culpa, cria-se uma cultura pouco transparente. Nela, os erros que denunciam situações que devem ser corrigidas – para evitar falhas futuras – são omitidos e disfarçados.

cultura justa, um dos elementos imprescindíveis à cultura de segurança de qualquer instituição de saúde, tem a sabedoria de diferenciar estes dois tipos de erro: o que foi mera negligência ou imprudência e o que é resultado de um processo que exige correção.

Como a cultura justa funciona na prática?

Para estabelecer a cultura justa dentro de uma organização, é preciso seguir uma série de ações. Confira na lista:

  • Disseminar o conceito de gerenciamento do erro e das ameaças;
  • Estabelecer condutas para atos de risco;
  • Monitorar processos de risco;
  • Mensurar o uso de procedimentos inadequados;
  • Mensurar consequências;
  • Separar os erros das violações;
  • Normatizar de forma clara e objetiva as punições para as violações;
  • Deixar claro para todos qual é o comportamento não tolerado.

Na prática, esse conjunto de dicas cria uma diretriz institucional que equilibra as necessidades de notificações abertas e honestas dos colaboradores com um ambiente de aprendizado sobre qualidade e cultura. Como resultado, a cultura justa extermina a abordagem punitiva e o sentimento de culpa.

Benefícios da cultura justa

Entre as vantagens percebidas na aplicação do conceito, se destacam:

  • Aumento da segurança do paciente;
  • Empoderamento dos colaboradores;
  • Engajamento dos colaboradores;
  • Redução de riscos, incidentes e eventos adversos;
  • Redução da morbimortalidade;
  • Treinamento e melhor preparo dos profissionais para lidar com erros;
  • Promoção de mudanças (nos pontos críticos apontados), visando a melhorias;
  • Promoção de trabalho multidisciplinar;
  • Melhora da comunicação interna.

Com esses benefícios, o sistema de saúde caminha para um serviço mais seguro, equitativo e justo. Viva a cultura justa! Para saber mais e conferir outros artigos, continue em nosso blog.

 

Fontes de apoio:

Dekker, S. Just Culture

Dekker, S. A new Just Culture algorithm. https://www.skybrary.aero/bookshelf/books/2558.pdf

Doutrina de Liderança da Marinha. http://www.redebim.dphdm.mar.mil.br/vinculos/000012/00001229.pdf

Melo, A; Covello, A, Libermam, F. Et al. 2004. Voando com CRM. Comunigraf Editora. Recife

Gillespie, J. Manual de Liderança da Marinha (EMA137 Mod. 1)  https://uk.linkedin.com/in/jo-gillespie-410b821b

Guarischi, A. Koeller, F. 2014. GERHUS. Gerenciamento de Recursos Humanos em Saúde. ISBN 978-85-918361-0-9.

Guarischi, A. Como ler artigos científicos. Medscape. 2020. https://portugues.medscape.com/verartigo/6505090